quinta-feira, janeiro 31, 2008

KILL AGAIN RECORDS NEWS


Após nove anos Sacrario lança seu primeiro álbum.

“Catastrophic Eyes”, primeiro álbum da banda gaúcha de Thrash Metal, Sacrário, finalmente será lançado. O disco foi gravado em 1999, mas com a dissolução do grupo no ano seguinte, o lançamento do mesmo foi cancelado. Agora, nove anos depois, e com a banda de volta à ativa, o debut CD estará saindo. A bolachinha trará 13 agressivas faixas moldadas na velha e devastadora escola brasileira do estilo. O lançamento de “Catastrophic Eyes” será feito pela Kill Again Records, no dia 20 de Março / 2008. Maiores informações: http://www.killagainrec.com/


The Force assina contrato com a Kill Again Records.

A banda paraguaia de Speed / Thash Metal, The Force, formada por ex-integrantes da extinta banda Overlord, assinou contrato com a Kill Again Records. O mesmo foi assinado depois de apenas um mês do lançamento de sua única Demo, Old School Metal Onslaught (Dezembro de 2007). No momento a banda se encontra em estúdio gravando seu primeiro álbum, já intitulado como Possessed by Metal, com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2008. Maiores informações: http://www.killagainrec.com/



Violator participando em compilação Thrash Metal da Earache Records.

Os Thrash maníacos do Violator estão participando da compilação Thrashing Like a Maniac, da gravadora inglesa Earache Records. O disco apresenta bandas da nova geração do Thrash Metal mundial. A banda brasiliense comparece com a faixa Atomic Nightmare. As outras bandas participantes são: Municipal Waste, Bonded By Blood, Dekapitator, Evile, Fueled By Fire, Decadence, Warbringer, SSS, Gama Bomb, Merciless Death, Deadfall, Lazarus, Toxic Holocaust, Mutant e Send More Paramedics.
Ainda acompanha a compilação uma edição do fanzine Thrash Speed merchants, com matérias de todas as bandas de Thrashing Like a Maniac. Além da versão em CD, uma edição limitada de 1.000 cópias em vinil foi lançada, sendo que 800 no tradicional vinil preto e 200 na cor laranja. Para maiores informações click no link: http://www.earacheshop.com/store/thrashing.html

sábado, janeiro 19, 2008

E se... os nazistas tivessem ganho a guerra?


Texto retirado da REVISTA SUPERINTERESSANTE


Denis Russo Burgierman
A idéia de que Hitler pudesse concretizar seus planos megalomaníacos hoje soa absurda. Mas os alemães estiveram perto de ganhar a guerra. Tanto que o historiador inglês Stephen Ambrose atribui a derrota dos nazistas a um meteorologista escocês. Ele chamava-se J.M. Stagg e fazia a previsão do tempo para as tropas aliadas. No dia 5 de junho de 1944, apesar da tempestade que castigava a costa francesa, ele garantiu que o céu abriria mais tarde.


Foi um chute, pois o clima naquela região é tão instável que até hoje os satélites erram metade das previsões. Mas Stagg acertou. Se a chuva continuasse, os soldados que desembarcaram na França na manhã seguinte - o Dia D - chegariam à costa enjoados, incapacitados para lutar. E não haveria visibilidade para soltar páraquedistas ou bombas. Resultado: a operação para libertar a França seria um fiasco.


Por outro lado, o historiador militar inglês John Keegan acredita que Hitler perdeu sua chance de vencer 3 anos antes, em 1941. Nessa época, quase toda a Europa estava em suas mãos ou na de seus cúmplices italianos e simpatizantes espanhóis. Animado, o ditador encarou de frente a Rússia e foi derrotado pelo inverno. Keegan argumenta que Hitler poderia ter optado por uma invasão indireta. Ele entraria fácil na Turquia e de lá estenderia seus tentáculos pelo Oriente Médio. Garantiria, assim, um suprimento inesgotável de petróleo para suas tropas. Depois, tomaria o sul da União Soviética, onde o inverno não é tão cruel. E deixaria Stálin sem suas maiores reservas petrolíferas.


"Daí para a frente, seria fácil conquistar a Rússia e depois a Índia, então colônia inglesa", diz Keegan. Enquanto isso, seus aliados japoneses ocupariam a China, ligando o Japão à Alemanha. E não pararia por aí. "A Inglaterra é pouco populosa e pobre em recursos naturais", afirma Keegan. Sem suas colônias, viraria presa fácil. Na época, boa parte da África era colônia européia e acabaria nas mãos do führer.


Resultado: antes mesmo de 1950, o "império nazista" já teria se estendido por Europa, Ásia e África - mais do que os Impérios Romano e Mongol somados. "Seria um mundo de duas classes", diz Christian Lohbauer, especialista em história alemã, da USP. Os arianos, considerados superiores, mandariam. Eslavos, negros e asiáticos virariam cidadãos menores. Outros povos, como judeus e ciganos, seriam dizimados.


É bem possível que nem assim os nazistas sossegassem. "Eles dependiam da guerra", diz Lohbauer. "As empresas alemãs cresceram fornecendo equipamento para o Exército e precisavam da mão-de-obra escrava dos prisioneiros". Ou seja: continuariam invadindo país após país para manter esse esquema. Iriam para o Pacífico e de lá para a Oceania. "Podemos ter um século de luta à nossa frente", disse Hitler certa vez. "Antes isso do que ir dormir."
Assim, ele esbarraria nos interesses de outra potência: os EUA. "Não permitiríamos que eles se apoderassem da América Latina", afirma o americano Robert Cowley, fundador da revista Militar History Quarterly, especializada em história militar.


Neste cenário, a Guerra Fria teria ocorrido entre Alemanha e EUA. "Mas o mais provável seria uma guerra quente mesmo", diz Keegan. E o palco seria a América Latina. A luta duraria para sempre? "Acho difícil", diz Cowley. "O império nazista baseava-se numa figura carismática. Uma hora Hitler morreria. Quem o substituiria?"


Depois da morte do ditador, os oprimidos iriam se rebelar e o império se despedaçaria. Chegaríamos ao ano 2000 nos reerguendo dos destroços. É bem possível que a ciência estivesse estagnada, depois de décadas torrando dinheiro em bombas. A informática seria primitiva. E a internet não existiria: regimes autoritários, que dependem do controle da informação, impediriam que ela se difundisse. Na próxima vez que navegar na rede mundial de computadores, agradeça, portanto, àquele sortudo meteorologista escocês.

sábado, janeiro 12, 2008

Entrevista KORZUS (1987 parte 02)

Outra entrevista que esta disponivel no site da Revista Roadie Crew desta maravilhosa banda e seu classico "Sonho Maniaco"


Por Ricardo Batalha

Mudanças na formação, um som cada vez mais extremo, letras carregadas e uma grande tragédia. Em meio a esta situação, o Korzus foi do céu ao inferno na época do lançamento de seu primeiro álbum de estúdio, Sonho Maníaco. Quem conta todos os detalhes e curiosidades é o vocalista Marcello Pompeu.

Como estava o Korzus após as mudanças de formação na época do Sonho Maníaco, antes e depois do lançamento?
Marcello Pompeu: Antes éramos um quinteto, a mesma formação do 'SP Metal 2' e a banda estava unida. Tínhamos acabado de conhecer bandas como Slayer, Satan, Accept, Anvil, Venom, entre outras. Começamos a trabalhar mais para o lado obscuro, o Black Metal. Aí o guitarrista Toperman e o baterista Brian saíram e o Zema deixou o Ethan para se juntar ao Korzus. A banda se tornou o quarteto mais brutal, insano e diabólico de São Paulo. Começamos a compor nessa linha Black Metal em português, as músicas tomaram um corpo e a banda um estilo que ainda não existia no Brasil, com viradas de ritmos e quebradas - influências diretas do Zema. Compusemos o álbum e assinamos com a Devil Discos um contrato mais decente. Parecia que o mundo era lindo... digo .... negro!.

Conte como se deu a produção do Sonho Maníaco? Como foram as gravações em estúdio? Qual estúdio vocês usaram, como era o nível dos equipamentos, quem comandou a mesa de som, quanto tempo durou a gravação, o desenho da arte da capa...
Pompeu: A produção ficou a cargo do Edy Bianchi, que era técnico de som do Inox - banda do Paulinho Heavy da TV Cultura -, talvez o primeiro produtor de Heavy do Brasil. Gravamos no Guidon, um 'big' estúdio para o nosso momento. Porém, as pessoas envolvidas não estavam capacitadas para o som rápido, principalmente o estúdio que naquela época trabalhava com evangélicos. Imagine quatro cabeludos muito loucos blasfemando em um estúdio de crente? Bizarro! O estúdio tinha um equipamento de ponta e tudo foi gravado em 2 polegadas analógicas, mas a sala de gravação era muito grande e com uma acústica horrorosa. Ficamos por volta de dois meses fazendo o disco todo. A capa foi criação do Dick e representa um sonho ou pesadelo meio embaralhado para dar a sensação de loucura total. Eram desenhos interligados e tinha até o Freddy Krueger (risos).

Com relação à temática, o Korzus adotou uma linha satânica no Sonho Maníaco, que caberia bem no contexto do Black Metal. Por que resolveram seguir este caminho?
Pompeu: Porque na época era o que achávamos que o Metal representava para a gente. Nós ouvíamos muito Venom, Slayer, Mercyful Fate e em todos os encartes dos LPs as palavras 'evil', 'satan' e 'hell' eram constantes, então...

Qual a sua análise a respeito do resultado final do Sonho Maníaco?
Pompeu: Deixou muito a desejar. Hoje tenho estúdio, sou produtor e sei o quanto o disco é mal gravado e mal mixado. Bem, para a época eu não sei dizer ao certo, mas sempre achava estranho quando ouvia o Sonho Maníaco depois do Hell Awaits do Slayer. Esperávamos que ficasse no naipe do Hell Awaits, mas não havia suporte técnico humano capaz de pilotar uma banda de Metal decentemente aqui. Até tinha bons estúdios, mas não havia técnicos com conhecimento real do que era o Heavy Metal.
Como foi a receptividade do disco?
Pompeu: A receptividade foi muito boa! Realmente esse disco nos colocou como uma das principais bandas do gênero no Brasil e fomos comparados ao Slayer por muitos anos. As críticas foram boas, a gravadora vendeu bem esse disco e começamos a tocar fora do estado de São Paulo.
Como foram os shows de promoção e divulgação do Sonho Maníaco? Lembro de ter visto de perto vários, incluindo o show no Teatro Mambembe que, felizmente, eu acabei filmando e as imagens constaram no DVD Korzus: Vídeo História...
Pompeu: Naquela época não havia esse papo de shows de promoção, tour, pois isso não fazia parte do vocábulario das bandas. Nós, assim como todas as bandas dos anos 80, tocávamos onde éramos chamados e marcavamos datas em bares e teatros em São Paulo. Se tivesse data a gente tava lá. Quanto ao show do Mambembe, foi um lance muito louco. Tocamos com o Destroyer, que se não me engano o Robson Goulart (ex-Performances), vocalista deles, levou umas porradas de um banger que subiu no palco do nada! Foi foda! De resto foi bem legal e os shows no Mambembe sempre lotavam.

Naquele época o Korzus tinha o apelido de "Slayer brasileiro". O Slayer havia lançado o Reign In Blood um ano antes, abrindo o disco com Angel Of Death. No ano seguinte o Korzus lançou o Sonho Maníaco, abrindo o disco com a faixa Anjo do Mal. Isto foi coincidência ou algo proposital, como se fosse um tributo aos seus "mestres"?
Pompeu: Olha, a Anjo do Mal é bem mais velha que a Angel Of Death. Se você quer saber, esta música foi composta ainda com o Brian e o Toperman na época do disco ao vivo. Foi a única daquele repertório que ficou no Sonho Maníaco. Acho que o Slayer copiou a gente (risos). Aliás, o que já jogamos fora e descartamos músicas porque outras bandas gravaram antes da gente você não faz idéia! Se eu falar o nome das bandas então você vai ficar assustado...

Como você analisa o papel de Sonho Maníaco na trajetória do Korzus, visto que logo depois vocês passaram a compor em inglês?
Pompeu: Foi um disco importante pra gente ver que falar do capeta dava azar! Se for falar disso tem que saber o que diz e o Sonho Maníaco é muito pesado com as letras. A mudança de idioma veio com a ascendência do Sepultura no exterior e percebemos que o caminho era aquele. Nada contra o português.
Parece que hoje em dia está havendo um resgate às raízes do Metal em português. Por que vocês nunca mais incluíram uma faixa do Sonho Maníaco nos shows? O suicídio do baterista Zema Paes, justamente em um álbum que tem uma faixa chamada Suicídio, influenciou nesta decisão?
Pompeu: Como falei antes, nós temos resultado de causa para ter tomado essa decisão. Temos resultado de causa para ter tomado essa decisão! Você grava um disco Black Metal em 1987, ele contém letras satânicas no máximo do surrealismo, sai em julho e seu baterista - que adorava a música Suicídio - se mata em outubro! Eu pergunto: por que continuar com essas músicas?! Eu que tenho a palavra sobre o palco e essas letras eram viagens de moleque que nunca fizeram e nem fazem parte da minha vida. Me recuso a cantá-las, pois muitos jovens acreditavam que éramos os novos anti-cristo, sacerdotes satânicos... Nos procuravam como se fossemos semi-deuses. Foi foda!
Conte como estava a cena nacional há vinte anos? Conte um pouco para os nossos leitores e os fãs da nova geração que não viveram aquela época quais bandas vocês tinham ligação, quais casas de shows/bares/eventos havia naquela fase e como era a cena para vocês do Korzus...
Pompeu: Havia mesmo muita união. Todos eram amigos e ficavam para ver até a última banda nos eventos. As bandas indicavam umas às outras quando ia acontecer um festival, era muito legal! Muitas garotas atrás da gente (risos). Éramos amigos de todos! Com o passar dos anos as coisas esfriaram em termos de amizade, mas até porque o Metal cresceu muito e o profissionalismo nasceu nas bandas, já que não havia a profissão de músico Metal em 1987.
O movivento de sampa era Black Jack Bar, Rainbow Bar, Teatro Lira Paulistana, Mambembe, Bixiga, festas Metal na casa de alguém, loja Woodstock Discos no centrão de sábado à tarde, Fofinho, LedSlay, Carbono 14, Madame Satã, esses picos...

Como está o Korzus atualmente? Quais os planos da banda?
Pompeu: Estamos compondo o novo disco, que deverá ser lançado em 2008. Estamos fazendo alguns shows, mas não é prioridade do momento, pois continuamos com nosso trabalho visando o novo CD, que inclusive será marcado por uma festa de 25 anos de banda! Temos a certeza que será o disco mais nervoso da nossa carreira e quem gostou do Ties of Blood vai pirar com o próximo!


KORZUS - SONHO MANÍACO
SONHO MANÍACO"

COMENTADO FAIXA A FAIXA:
1-ANJO DO MAL: A letra veio mais ou menos de um sonho que tive. A música é veloz, beirando ao extremo. O grito do começo foi feito por um 'brother' nosso, o Bellotão, na linha de Angel of Death do Slayer. Com certeza era a música mais pedida pelos fãs da época.

2-JUÍZO FINAL: Muita blasfêmia. Um aviso da dominação de satã no planeta terra, algo como uma profecia. A metáfora mais intrigante é sobre essas guerras que atingem o Golfo e países árabes onde começaria o juízo final.

3-SUICÍDIO: Talvez a menos satânica em questão de letra. Ela tem uma levada mais valsa, sei lá.. Um andamento diferente em relação ao total do disco que é paulada do começo ao fim. É a música que coincidentemente o Zema mais gostava.

4-CAMINHANDO NAS TREVAS: Um começo bem cavalgado, marca do Metal dos anos 80. Aí muda pra paulada insana, com um final com muitas vozes blasfemando, dando um ar de mensagem satânica. Nunca tive coragem de virar o disco ao contrário nessa hora!

5-SONHO MANÍACO: A letra é uma metáfora, mas na realidade eu fiz para uma ex-namorada minha. Ela era um sonho pra mim na época. Tomei um pé na bunda pra ficar esperto e, em meio a toda tristeza, escrevi essa letra como desabafo. Na época a gente não falava muito dessas coisas com os amigos e familiares, até porque éramos bangers do mal e não caía bem ficar chorando por namorada (risos). É mais uma paulada do disco, talvez a mais rápida!

6-GUERRA NUCLEAR: Era o assunto da época. EUA X União Soviética, quem apertaria o botão primeiro? Nessa letra adivinha quem apertou? Nem os EUA e nem os soviéticos, quem apertou foi o capeta! A música era uma epopéia. Vários andamentos, várias bases loucas, solos de bombardeios. É muito louca essa música! Aliás, não tenho nada contra as músicas, as bases, as batidas, o que não curto são as letras!

7-PARAÍSO DA MORTE: Sempre o capeta domina o mundo e os governates são marionetes do mal, querem que todo mundo vá pra puta que te pariu, como diz o refrão... Ah, tem o começo que a mina fica gemendo... Foi uma ex-namorada do Dick quem gravou. Foi muito louco! Apagamos toda sala de gravação e ele desceu lá com ela pra dar uma força na veracidade dos gemidos (risos).

quinta-feira, janeiro 10, 2008

COLERA é melhor q febre Amarela


Pra quem mora no Gama tem igresso mais barato na loja do kbça Abriu Pro Rock no gamashopping



sábado, janeiro 05, 2008

Documentarios sobre os Goticos

Exelente documentario sobre os goticos pra quem quer saber mais sobre esta cultura.

Gótico caboclo ou dissonância tropical?

A cena alternativa brasileira, mais especificamente, na vertente do gótico em suas variadas manifestações, parece finalmente voltar à tona após anos submersa. Obviamente que não se trata de uma bolha, que costuma retratar coisas passageiras, modas em sua ligeira consistência, falo de um acentuado nivelamento orquestrado por grandes festas ocasionais (as famosas raves góticas, organizadas pelo pessoal da Thorns), a quantidade de casas do gênero que existem atualmente em São Paulo, além do número crescente de bandas em todo o país, que vão desde o dark (rock nacional no gênero do Finis Africae e Hojerizah), passando por bandas mais fiéis aos percussores ingleses e germânicos (Fields, Xmal, Sisters etc...), até mesmo aquelas que seguem o fio da nova onda, do “gothic metal”, atualmente o representante mais popular do gênero.


Pode-se dizer que, ao menos em São Paulo, temos uma cena tão forte quanto os principais focos pelo mundo afora, faltando pouco para que isso se concretize em definitivo, graças à falta de festivais que reúnam bandas de todo o país e algumas de fora. Quem sabe, unindo todos os projetos existentes, a idéia possa tomar forma... O problema reside somente no modo como a mídia enfoca a cena gótica, maquiando-a com elementos pejorativos e estereótipos deprimentes, sendo que o gótico nada mais é que um estilo dentro do contexto do rock, envolvendo comportamento, atitude e conceitos tipicamente modernos. Isso no entanto não exclui o resgate de velhas tradições artísticas e culturais (literárias, plásticas, sonoras), devido à grande ientificação que muitos mantém com lendas e mitos perdidos no folclore de culturas medievais, como o próprio rótulo define.


Se a mídia tradicional optou por abafar ou bombardear o gênero, com a popularização da Internet a história mudou. Graças a sua essência mítica e misteriosa, o gótico tornou-se uma comunidade amplamente interligada, a curiosidade que o tema desperta reverberou na criação de uma vastidão de páginas voltadas para o único intuito de mostrar um pouco do rico compêndio de artistas que fazem parte do contexto ou simplesmente possuem algo em comum com o gênero, desde a música em si, passando por quadrinhos, artes plásticas e demais manifestações. Para tanto que podemos nos orgulhar de termos o portal de cultura obscura http://www.carcasse.com como nosso representante no último livro do especialista em rock gótico, Mick Mercer.


Graças a uma considerável quantidade de listas, como a Sépia Zine, o Gótico DF, o Gótico Curitiba, o Mausoleum etc., as pessoas interessadas puderam se reunir ocasionalmente para organizar sarais literários, shows, performances ou simplesmente para trocar figurinhas. Enfim, a tecnologia foi um dos fatores principais para que a cena se tornasse o que é atualmente, um pouco longe do ideal, mas bem acima do que muitos esperavam, provando que ainda há bastante o que aproveitar e, que a noite (eterna e jovem) tem ainda muito para oferecer, desde que alguns disponham-se a batalhar por isso.

Cena brasileira
Gótico caboclo ou dissonância tropical?

A cena atualmente conta com uma gama de bandas fantásticas, cujas influências vão desde os lisérgicos anos 60 até o minimalismo sincretizado dos anos 80: pudemos avaliar o interesse do público no Festival com as bandas da coletânea De Profundis, que aconteceu em 25/05 na Tribehouse, com um público grande, por volta de 400 pessoas, que compareceram única e exclusivamente para prestigiar as bandas que se apresentaram no palco daquela memorável noite, quando as pistas permaneceram lotadas durante todas as apresentações.







"De Profundis – Brazilian Darkwave Collection"Diário de Bordo.


A idéia primordial surgiu como as grandes revoluções, na mesa de um bar. Marcos Dutra, Zé Carlos (ambos do Tears of Blood), Herr Markus (Krummen) e eu, encontramo-nos para uma rodada de cerveja num boteco da zona leste, quando expuseram sua idéia de montar uma nova coletânea com bandas do cenário “darkwave” paulista. Como a primeira experiência (Violet Carson) contou com 15 bandas de boa parte do Brasil, ficou definido que um menor numero de bandas iriam compor o CD desta vez, três delas decididas de primeira mão: The Tears Of Blood, Das Projekt Der Krummen Mauern e Mercyland. Como fui convidado para produzir, insisti no nome do Elegia, banda que estava escutando muito naqueles dias, o que também agradou aos demais. Por sua vez, todos expuseram outros candidatos à vaga: Stale Bread e Der Kalte Stern, que não puderam participar devido à problemas em suas respectivas formações na época, e graças à qualquer eventualidade do destino pudemos contar com um vulcão então adormecido: Vesuvia, preenchendo o quadro de participantes. Definidos os papéis de todos, o tempo correu entre gravações de estúdio, idéias quanto ao nome da coletânea, arte e afins, culminando no trabalho que muitos têm em suas mãos atualmente: responsável, de alto nível e extremamente emocional, como jamais poderia deixar de ser, quando algo manifesta-se passionalmente em função de um sonho, um ideal.


The Tears of Blood
The Tears of BloodPelo que pude constatar após o lançamento da De Profundis, parece-me que a banda arrebatou para si um grande numero de admiradores, sua sonoridade inspirada em bandas como Xmal Deutschland e Siouxsie & the Banshees tornou-os prediletos dentre uma grande parcela das pessoas que adquiriram a coletânea. Com batidas tribais, guitarras dissonantes, baixo acentuado e uma vocalista de timbres distintos, o mínimo que poderia acontecer seria o título de melhor banda gótica do cenário brasileiro na atualidade, palavra do público, que passa a reconhecer os esforços desta banda que está na estrada já há onze anos, tendo ocasionalmente se apresentado em grande parte dos porões paulistanos e em outros pontos do Brasil.



Das Projekt der Krummen Mauern
Das Projekt der Krummen MauernNão estranhe o nome, eles são brasileiros, embora boa parte do público que assistia boquiaberto ao show de abertura do The Mission em 21 de abril no Olympia, tenha duvidado até o momento em que timidamente o vocalista Herr Markus (muito nervoso devido à ocasião) apresentou a banda. Uma levada extremamente contagiosa, rock gótico tradicional, com sua bateria eletrônica, duas guitarras, baixo e vocal sorumbático. Tive o prazer de contar com a presença deles na primeira coletânea Violet Carson, porém, na De Profundis, a satisfação foi ainda maior pelo fato do material ser totalmente exclusivo e todas as composições serem novas. A banda iniciou sua trajetória no fim dos anos 80 com o nome de Santos Pecadores e, de 91 para cá, consolidou-se como ícone do rock gótico brasileiro.



Elegia
Elegia Após duas participações no Wave-Gotik-Treffen, aclamados pela imprensa especializada da Europa como banda revelação em 2000, começam a conquistar seu espaço por aqui, ou seja, despertando inclusive a atenção da Globo, que mostrou a banda em programa da região de São José dos Campos, sem contar a menção no 21th Century Goth, ultimo livro de Mick Mercer, ilustríssimo conhecedor do gênero. Além do que qualquer propaganda possa proporcionar, o som do Elegia é algo simplesmente cativante, um diferencial e uma alternativa a toda mesmice que anda rondando o circuito gótico. Como os próprios europeus reconheceram, eles estão ensinando as bandas góticas da atualidade a reverem suas concepções sobre a musicalidade. Indicado para quem gosta de algo na linha darkwave como Clan of Xymox, Poésie Noire e Blessing in Desguise.



Vesuvia

Poesia na sua manifestação mais objetiva... Melodias embriagantes, nostalgia amplamente justificada pela levada com base nos anos 60 e 80. Aquele tipo de canção que embala nossos pensamentos em sentido a horizontes oníricos, letras relatando fatos que certamente lhe trarão algo do fundo da memória. Bem na linha de bandas como Radiohead, Echo & The Bunnymen, The Smiths e The Church. A banda tem um potencial que futuramente será ouvido no disco com novas composições, incluindo algumas em português, e contam com o trunfo de dois de seus membros serem amplos conhecedores de música em geral, desde o clássico até o grindcore noise. Notavelmente, ouso dizer que é minha banda predileta dentro de seu estilo em particular.


Mercyland

A mais experimental e também a mais pesada dentre as cinco bandas que compõem a coletânea. Chegam mais uma vez com suas bases mesclando um crossover de pós-punk, hard rock e rock gótico. Preste atenção ao trabalho das guitarras e principalmente ao vocal. Ótima pedida para quem gosta da linha de bandas como TSOL, The Mission e The Cult. O destaque é a única composição em português da coletânea, "Só", conhecida de muita gente por aí, em nova versão. A proposta da banda é dar continuidade a uma trajetória de bom som deixada de lado, talvez por mero desconhecimento do próprio público alternativo, acredito que não estejam tão distantes de suas ambições, afinal, produziram canções que nada devem às suas influências.


Enfim, mais um passo para divulgação de nossa sonoridade, recheada de poesia e sentimentalismo (nada piegas) num mundo que vem se tornando cada vez mais frio e calculista. Contando com organização do Zine De Profundis e masterizado por Luiz Calanca, saindo por seu selo Baratos Afins. A quem interessar, aprecie



por "Morpheus" Affinito ´foi morador do gama é um apaixonado pela cultura Gotica, editor do zine De Profundis um dos mais respeitados zine do Brasil.