sexta-feira, junho 29, 2007

Aniversário macabro VAI PERDER????????????

Com 17 anos de carreira e 34 mudanças na formação, Death Slam convoca os fãs para a gravação do primeiro DVD da banda que desafia o tempo em nome do rock pesado

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Tiago Faria
Da equipe do Correio
Carlos Moura/CB - 17/7/04

Death Slam reúne os amigos em show amanhã, no Teatro Galpãozinho do Gama, para gravar o DVD “sem enfeites”


Death Slam. Em português, algo como “pogo da morte” – ou simplesmente “dança mortal”. No dicionário do rock candango, a dupla de palavras vira sinônimo de perseverança, força de vontade. Com trajetória longa (e barulhenta) construída no underground do Distrito Federal, a banda que atende pelo singelo nome em inglês arrebenta a porta com novo desafio: para comemorar 17 anos de carreira, o quarteto entregará aos fãs – ou melhor, aos “amigos”, como o grupo prefere chamá-los – um presente modernoso: um DVD com entrevistas, clipes, cenas de bastidores e, claro, clássicos da música pesada da capital. Em cerca de 40 pedradas sonoras, mix de velharias como Argh! e novidades como Futuro de merda, contarão a história subterrânea, e endiabrada, de sobrevivência.

Pode parecer estranho que um agregado de “músicos falidos”, como define o vocalista Fellipe CDC, tenha decidido investir em formato nada podreira. Mas um DVD, no caso, não é mera perfumaria. “Era o único material que ainda não tínhamos. Daí brotou a vontade. Já lançamos compacto, disco, CD, coletâneas, demos, um monte de coisas”, explica Fellipe. Sem lenço e documento (e patrocínio, para variar), o Death Slam contará com a cumplicidade dos comparsas do rock para cumprir a missão. A gravação será realizada amanhã, no Teatro Galpãozinho do Gama, a partir das 17h, em show com a presença das bandas Toda Dor do Mundo, Orgy of Flies, Noise Incoporation, More Tools e Winds of Creation. No panfleto de divulgação, eles convocam os amigos explicitamente: “O Death Slam precisa de você”. “Agora é só torcer para que ao menos metade de nossos amigos prestigie essa loucura”, diz o vocalista.

A banda não só precisa do apoio da torcida como faz por merecer a comemoração. Faça as contas. Em 4 outubro de 1990, quando Fellipe e o amigo Wilson “Gordinho” decidiram fundar a resistente agremiação em Taguatinga, um certo Raimundos ainda não sonhava em gravar disco. Legião Urbana, no auge da fama, lançaria um ano depois o álbum V. O passado parece distante, mas não emperra a máquina pesada. Existe fórmula? “Teimosia, meu camarada, teimosia”, ensina Fellipe. “Além disso, gosto muito dessas músicas barulhentas. Felizmente, tenho amigos com o mesmo gosto musical”, simplifica. Depois de 34 mudanças de formação, e projetos lançados até por selos do Japão e da Malásia, o Death Slam chega a 2007 com garra para assustar a nova geração do punk, do death metal, do hardcore.

Na contramão do típico DVD, a idéia do Death Slam não é preservar os takes mais redondinhos, em que tudo da certo. Mas, sim, captar o clima de uma apresentação no melhor esquema podreira. Com pitacos da banda, as câmeras principais e a direção serão de responsabilidade do cineasta Eduardo D’Castro, que será bancado pelo dinheiro arrecadado com venda de ingressos. “Lá, não vai ter enfeite. Se errar, vai ficar só mais feio que normalmente já é”, avisa. No universo underground, não há mesmo muito espaço para firulas. Os próprios componentes do Death Slam se dividem entre outros projetos, não têm a mínima pretensão de buscar sucesso comercial. “Somos uma banda de peão, que só busca amizade, um som distorcido, rápido e pesado. Também queremos passar algumas mensagens sobre o que estão fazendo com o planeta, para ver se melhora alguma coisa em alguém. Nada mais. A banda nasceu assim e assim há de morrer”, sentencia.

Operários do peso
Manter-se à margem é filosofia de vida. O Death Slam não garante o pão de cada dia dos integrantes. Até no rock, fidelidade pode ser conceito relativo. Dividir-se em mais de uma banda, no caso, é ordem. O guitarrista Adélcio empresta acordes para a Seconds of Noise. O vocalista Fellipe assombra a Scumbag e o Terror Revolucionário. Juliano, baterista, bate ponto na ARD, Besthoven e Murro no Olho. O baixista Júnior também pertence aos domínios do Adrenalina e do Flashover. “As obrigações um dia acabando sufocando uns e outros e, mesmo sem querer, muitos decidem tomar outros rumos”, observa Fellipe. Mas, apesar do sufoco, dá-se um jeito. Se Taguatinga não tem espaço para a cultura underground, que tal Gama? “Os amigos do Gama sempre nos receberam muito bem, e a cidade tem uma história fabulosa e vitoriosa dentro da cena, grandes bandas saíram de lá”, explica.

Para o futuro, o Death Slam tem planos de gravar um novo disco (dividido com outros dois grupos). Com a despretensão costumeira, e sem mudanças de figurino. “O que nos interessa e fazer mais amigos, fazer músicas cada vez mais rápidas e pesadas e, pensando utopicamente, ajudar a salvar nosso mundo”, diz Fellipe. Enveredar pelos caminhos do hardcore melódico, também conta? “Não, nunca. O povo do Death Slam é muito feio e não gosta dessas coisas melosas”, avisa. Como o próprio vocalista sublinha, 17 anos não é uma vida, são várias. Para uma banda de rock pesado, então, parece até erro de cálculo. “Espero que essa nova formação dure enquanto tivermos fôlego, ou quando a morte, essa companheira traiçoeira, não levar um de nós”, planeja. Com aquela morbidez que, aliás, é acessório obrigatório nessa cartilha infernal.


17 ANOS DE DEATH SLAM
Show para gravação do primeiro DVD do Death Slam, com as bandas Toda Dor do Mundo, Orgy of Flies, Noise Incorporation, More Tools e Winds of Creation. Amanhã, às 17h, no Teatro Galpãozinho do Gama (ao lado da rodoviária). Ingressos: R$ 4 + um quilo de alimento.

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