quarta-feira, outubro 26, 2005

OsubversivO N°01


A banda Lupercais surgiu no Distrito Federal em meados de 95 como uma opção para todos que amavam a poesia e a subversividade, e como anti-matéria para os adeptos do rock besta e engraçadinho produzido pela maioria das bandas em voga no cenário candango. Na época, a Lupercais era formada por: Wellington (guitarra) o único que sabia tocar; Graziele (Bateria); Rodrigo (Baixo); Sidney e Aline (vocais).
........Para sua sonoridade inspiraram-se em bandas como Echo, Bauhaus e Joy Division, assim como no rock nacional de bandas como Muzak, Finis Africae, Pompas Fúnebres e Zero (entre outras). Antes de Aline deixar a banda, tocavam coisas do gênero étnico, canções indígenas e algo no gênero do Dead Can Dance.
........Eram guerreiros do underground batalhando por um pouco mais de cultura num meio (mal) acostumado às banalidades de um rock chocho e sem alma. Era óbvia a ligação entre a literatura e a Lupercais, graças às letras cheias de referências aos grandes malditos da contracultura: "O testamento de Caím" - homenagem ao personagem bíblico tido como primeiro assassino; "Crônica de um morto cafajeste"- honras a Charles Bukowski; "O suplício de Bruno" - Elegia sobre a morte do contraventor Giordano Bruno; "Carne Criada" - Quem assistiu Vidas Secas de Nelson Pereira dos Santos, com certeza entenderá essa homenagem; "Espectros" - a letra aborda a morte e o destino dos espíritos marginais. Já na Segunda demo, lançada no ano de 96, demonstrou o amadurecimento deles como instrumentistas. Além da saída de Wellington pra entrar Robson nas guitarras, a poética de Sidney também havia melhorado bastante e agora nem todos os temas eram tão "malditos". Porém, a masterização do trabalho regrediu a níveis inimagináveis, prejudicando o que seria o apogeu da banda. Canções fantásticas como "Ogro Moderno", "Quando chega o dia da caça", "Sonho da Areia" e "Elegia", ilustram este maravilhoso petardo da música mais que alternativa.
........Entre 97 e 98, Rodrigo é acometido por profunda depressão e deixa a banda, abrindo espaço para Marquinhos (baixo) e Tharsíla (teclados). Eles começaram a compor em outros campos, e já que a banda já havia sofrido várias modificações desde seu início, estamparam-se novas cores em seu quadro. Foi então que surgiu a oportunidade de participarem de duas coletâneas "Atitude - Vol II" e "Violet Carson", e quando os horizontes pareciam se abrir, veio o pior, pois antes mesmo de ver as duas compilações prontas, Sidney Paulino veio a falecer de um aneurisma cerebral, aos 28 anos, deixando uma grande lacuna na cultura marginal de Brasília, sendo uma ironia que sua participação em uma das coletâneas (Violet) chama-se, por infelicidade do destino, "Funeral"... restando ainda 3 canções prontas, os remanescentes da banda gravaram-nas: "As palavras e os homens", "Império das máquinas" e "O homen das costas pesadas", com Graziele e Robson aos vocais. Assim acabou uma pequena história de rock, assim nasceram mitos e o culto à banda Lupercais, que sempre estará presente nas noites frias de inverno, quando poetas e músicos reunirem-se ao redor de uma fogueira, regados a drogas e principalmente muito vinho...
Morpheus Affinito

ESPECTROS
A Morte nos abandonou
Em nosso momento mais triste
A quem iremos recorrer
Agora que nossa irmã não mais existe?
Somos andarilhos sem doutrina
Entregues à orfandade
Num mundo onde a luz é (estrela vil????)
E a sombra, realidade
A quem iremos recorrer?
A Morte nos abandonou
É que Deus não nos tem como o filho
E o Demônio não quer nos adotar
A quem iremos recorrer?
Viramos espectros, mortos-vivos
Não podemos em jazigo algum descansar
É que Deus não nos tem como o filho
E o Demônio não quer nos adotar".

Para saber mais sobre a banda, visite: http://www.carcasse.com/sepia/lupercais.htm

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