terça-feira, julho 03, 2007

Inri Cristo, Henry Sobel, Padre Quevedo e Mangabeira Unger


Inri Cristo, Henry Sobel, Padre Quevedo e Mangabeira Unger têm em comum o fato de serem personalidades públicas, em constante comunicação em língua portuguesa, letrados, e que fazem questão de manter aqueles sotaques engraçados. É mais que simplesmente um traço característico do idioleto de alguém instrumentalizado em dois idiomas, é marketing, é o registro forçado da idiossincrasia de cada um deles; muitas vezes eles chegam mesmo a colocar alguma palavra de um idioma dentro do outro, atropelando o léxico, como se o seu aparelho cognitivo estivesse programado para pidginizar. Vivessem no Brasil antes da chegada do facistóide Marquês de Pombal, seriam naturalmente bons falantes do nheengatu.
Mangabeira foi candidato a presidência do Brasil, mesmo com sotaque, e muitos dizem que isso era a sua obsessão. Obsecado pelo futuro imediato passou a falar mal de Lula e de seu governo; encarnou a retórica jabormainardiana e incorporou um discurso escatológico no qual acusava Lula de ser o pior governo e o mais desonesto da história deste país. Lula poderia, do alto da torre de marfim, escarrar na cabeça cã de Mangabeira. Porém, Lula lhe ofereceu a mão. Deu-lhe uns cascudos e disse que é mais coerente a um filósofo pensar do que ficar a fazer bobagens. E lhe arrumou um cargo para pensar o Brasil para 2022!
Mangabeira, embora estivesse pensando em 2010, aceitou protelar; Lula lhe disse que Aécio, Serra, Alkmin, FFHH, a Folha, O Globo e um montão de gente já estava pensando em 2010: “pense grande Mangaba, pense longe”, disse Lula, como um oráculo. Mangabeira contemporizou. Chávez deveria aprender com Lula a calar o seus críticos democraticamente!
O fato é que Lula dá uma outra mostra de que é um grande estadista e de que nunca-na-história-deste-país o futuro foi pauta de um presidente. Lula, na Índia, visitou o túmulo de Ghandi e emocionou-se. Disse que Ghandi foi sua inspiração. Ghandi também foi a inspiração de Martin Luther King. Na Índia, Lula ganhou o prêmio Jawaharlal Nehru 2006 e levou a bagatela de 2,5 milhões de rúpias (R$ 123 mil lascas). Lula doou as rúpias para o fome zero, enquanto isso, no Brasil, os congressistas continuavam surrupiando. Creio na influência ghândica: Lula criou o grupo dos amigos, durante o golpe frustrado que Pedro Carmona, Cisneros e RCTV deram em Chávez e comandou a transição democrática na Venezuela. Sem dar um tiro, sem soltar um palavrão. Quiseram que Lula colocasse o exército para atacar os índios bolivianos, Lula preferiu um acordo com Morales. Lula foi ao enterro de Roberto Marinho e chorou, foi ao hospital visitar o enfermo ACM. Lula recebeu Collor! E agora unge Mangabeira. Lembro-me da cena de Cristo lavando os pés de Pedro (domini, Tu mihi lavas pede?, perguntava Pedro assustado), vejo a mesma imagem na expressão de Mangabeira ao ser ungido com o âmbar de um ministério; Lula, tu mihi lavas pede?
E o quê condenava Ghandi?, vejamos o que Lula leu na lápide: “política sem princípio, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e devoção sem sacrifício”; definitivamente creio na influência ghândica.
E o que faz Lula suportar governar tendo a seu lado figuras como Bob Jefferson, Dirceu, Chávez, Morales, Mangabeira, Renan, Sarney etc.? Temos que governar com o que temos, disse Lula. Ouçamos uma vez mais o sapientíssimo Padre Antônio Vieira: "Quis Deus salvar o gênero humano naquele dia fatal em que deu a vida por ele; e de que ministros se serviu sua Providência? Caso estupendo! Serviu-se de Judas, de Anás, de Caifás, de Pilatos e de Herodes; e por meio da injustiça e impiedade dos homens tão abomináveis, se conseguiu a salvação de todos os predestinados. (...) e se me dizeis que foram injustos os ministros convosco, também vo-lo concedo, posto que o não creio. Mas que importa que neste conselho fosse Judas, ou naquele Anases e Caifases, ou noutro Herodes e Pilatos, se por meio da sua injustiça tinha Deus predestinado a vossa salvação? eles irão ao inferno pela injustiça que vos fizeram, e vós por ocasião da mesma injustiça ireis ao Céu!"
A mídia, apátrida e golpista, que outrora considerava Mangabeira (o professor titular de Filosofia do Direito em Harvard) um intelectual como o Boca de Sovaco, dando ouvidos `as suas intempéries contra Lula, agora já o considera menos interessante, digno de chacota e já reverberam um jocoso nome para a secretaria de Mangabeira: SEALOPRA. Mas Mangabeira agora está pensando em 2022, a mídia está com a cabeça em 2010. E vão perder de novo, e desta vez pra Dilma!

POr Lele Teles
Escritor sosia do mico leão e Meu amigo

Nenhum comentário: