sábado, abril 12, 2008

Entrevista ARD, "os primeiros dias -1ª PARTE"


Em comemoração aos 23 anos do ARD fiz essa entrevista com Gilmar único membro remanescente da formação original do ARD/Stuhlzapfchen Von N, abordaremos nesta primeira parte os primeiros dias do Stuhlzapfchen Von N (atual ARD) o lendário Split com o BSB-H a Devil discos primeira loja de Rock do Conic e e outros assuntos da biografia da banda desconhecidas por muitos.
A idéia é fazer 23 perguntas separadas em blocos pra não ficar muito extensa Toda semana postarei uma parte, até totalizar as 23 perguntas.

Caso alguêm tenha alguma pergunta pra banda é só postar ai que será enviada e encorporada a essa entrevista.
O ARD pra quem mora em Brasília dispensa apresentações pra quem não conhece
www.myspace.com/ardhc
É uma entrevista pra resgatar um pouco da história desta banda e sua importância pra cena punk do DF divirtam se.

Saudações Gilmar é prazer te-lo em nosso zine. A banda tem 2 momentos distintos. Se formos considerar o Stuhlzapfchen Von N que nasceu em 1984 e mudou para ARD em 1989 ai serão 24 anos. Caso contrário, se separarmos as bandas teriam tempos diferentes. Pergunta o que te move pra estar a tanto tempo a frente do ARD?

Amarildo, obrigado pelo convite e entrevista para O Subversivo, é sempre um prazer poder falar do que gosto de fazer. Esta pergunta é complicada demais, mas resumidamente pensando, me sinto como aquele último moicano do filme, que acredita em coisas que poucas pessoas acreditam e que morrerá lutando para manter viva a idéia de viver pelo que acredita. ARD, apesar de na atual fase de vida que adotamos, a banda sirva mais como válvula de escape, ou como diz Rafael (guitarra solo): "futebolzinho do fim de semana". somos pessoas sérias e que acreditamos sobretudo na bondade humana e em uma eventual volta por cima. Por isso aliamos o discurso ao prazer de ensaiar e tocar, mesmo que tendo que pagar para isso, pois se buscássemos dinheiro não estaríamos aqui.

Por falar nisso que te motivou a montar o Stuhlzapfchen Von N e outra, porque você escolheu o Hardcore e não o Punk rock que já era mais difundido aqui em Brasília na época?

Montamos a banda, porque queríamos mostrar nossos anseios de desempregados, fudidos. Acabamos o ensino médio e ficamos a ver navios, sem ter o que fazer, nem para onde ir... A escolha do hardcore foi pelo simples fato de querermos soar novidade, diferente, mais agressivo, até porque as informações atuais era de um movimento que há muito tempo se corrompera, na verdade o punk rock na maioria das vezes, se resumiria à máxima publicada pelos Sex Pistols " grande farsa do R$R... e isso seria um paradoxo muito complicado para resolver naquela altura do jogo que pretendíamos.

Se minha memória não falha em 88 o Stuhlzapfchen Von N montou um estúdio pra ensaio em um prédio semi abandonado no Gama que acabou se tornando um ponto de encontro da galera, lembro-me que alem de vocês ensaiavam também outras bandas inclusive o Crematório lendária banda de death metal do gama. Parece-me também que esse foi o estúdio underground pioneiro de Brasília e a primeira vez que bandas punks e de heavy se juntaram.

Engraçado esse fato está tão claro na mente de um tosco que sequer lembra o nome(risos altos e gargalhadas histéricas)...Mas é verdade. Na salinha rolou muita coisa legal, mas também muita treta besta, beirando a infantilidade juvenil, mas deixou saudades. O mais forte mesmo foi o fato de termos apoiado o nascimento destas bandas e da idéia de união que tanto pregávamos em covers como United forces do SOD e composições nossas como Vamos Lutar do psyco Luiz Carlos. A parte rium é que hoje, são muitos poucos os sobreviventes daquela época que estão na ativa. Mas isso é seleção natural: "só os mais fortes sobrevivem” Darwin.

As mesmas bandas do estúdio foram convidadas pra tocar no lendário Bar Bom Demais intitulado “Gama invade as asas do poder” no projeto Rock Verão, onde bandas de metal e hardcore se juntaram pela primeira vem em um palco no DF, Stuhlzapfchen Von N (HC), Crematório (Death), Dia D (punk Rock), Kosomoskaia (Thrashcore), e Necrotério (HC). Lendária também tornou-se a grande pancadaria ao final da apresentação com a carecada. Dizem até, que foi neste show que a inimizade entres esses movimentos começou. Alem dos camburões da PATAMO para conter a confusão no Dia que memórias vc quarda desse show?

Cara, lembro bem do "bacu"...Todo mundo deitado no chão e os puliça pisando na galera, acho que escapei das pisadas,mas lembro vagamente de um tapão na orêia.. coisa mais comum naquele tempo..à procura de drogas,sob a alegação de controlar o consumo, os caras batiam mesmo, sem dó. No mais, também lembro que entramos no caminhão do Roberto Gogó e saimos voando em direção ao Gama. Sei que outras pessoas devem lembrar de mais detalhes,mas tenho a sorte de manter na memória apenas vagas lembranças de coisas desagradáveis vividas, isso me mantem forte e confiante. rsrsrsrs

O split LP “Ataque as hordas do poder” completou 20 anos de lançamento e ele tem alguns fatores que o tornam histórico. O primeiro LP de hardcore/punk do centro oeste, (reza a lenda que Bin Laden se inspirou na capa pro 11 de setembro). Primeira banda a gravar cover de outra banda de fora (Drunk with power do Discharge) em 86 cara!!, e outra vcs gravaram um cover de uma banda gothica alemã Grauzone “Der weg” inimaginável (desconhecida na verdade) até nos dias de hoje .Só com isso podemos concluir que o Stuhlzapfchen Von N era uma banda de vanguarda. Nos fale sobre este split sua concepção e se há algo ainda que não saibamos.

Eu fui o maior responsável pela idéia do split, sai de casa com a idéia na cabeça e uma mão na atadura, por haver provocado um acidente de trabalho de forma proposital, só para conseguir um atestado médico. Claro que um mês depois fui demitido do emprego (fiquei arrasado mas feliz por ter ido em busca do sonho que era conseguir um contrato. Até onde lembro, tanto o Podrão quanto eu, tivemos contato com o Chicão da Devil Discos e marcamos com ele que um de nós iria lá apresentar a idéia. Chicão aceitou na hora a proposta e só não lançamos um LP individual para cada banda,porque eu, acreditando na proposta de união e toda aquela idéia inocente, insisti para que fizessemos o split. No final das contas, sei que a estória poderia ter tido um outro viés, se cada um lançasse seu trabalho. Mas sem arrependimentos. É vivendo que se aprende...Muito foda foi saber mais tarde que estava rolando uma distribuição do material na Europa e que nossos direitos foram atropelados pela Devil em nome da ganancia.. Pobre Chicão,pensar que ir ganhar grana com a gente... hahahaha. Mais tarde isso seria crucial para decidirmos não continuar como contratos deles... claro que ele deve ter outra versão...

O ARD/Stuhlzapfchen Von N foi formado no Gama periferia de Brasília cidade com forte tradição na cena rock do DF. Aqui no Gama não havia divisão tão gritante entre punks, hcs, headbangers, góticos até os carecas e os Flower powers andavam juntos e havia respeito mútuo. Os músicos tinham mais de uma banda. Hoje não se vê isso com a mesma intensidade.

Depende muito do ponto de vista. Olha pro Juliano (mil bandas), Felipe CDC (duas mil bandas), Barbosa, etc. Posso afirmar, que apesar de tudo, esses núcleos eram mais setorizados. No Gama, Taguatinga, Plano Piloto, a galera se amontava em várias bandas, mais pela diversão do que por algo sistemático, talvez até estratégico, pois se houvessem mais bandas, haveria mais tempo de shows e etc...

O Split Lp “Ataque as hordas do poder” foi editado pelo selo paulista Devil Discos, que inclusive te apoio na idéia de abrir uma filial em Brasília da mesma. Sendo inclusive, a primeira loja de Rock instalada no Conic. Depois da Devil, o conic virou uma espécie de galeria do rock de Brasília. Que lembranças você guarda da loja que era ponto de encontro da cena naquela época muita gente comprou seu primeiro disco lá.

Antes de tudo, parabéns pelo comentário. Sonhava que um dia a loja seria realmente, comentada como a pioneira naquele inferninho que é e sempre será o conicão.... Só para ativar as memórias dos tiozinhos da época. A Rock House, no Cine Centro São Francisco, loja do Japonês Marcos, foi a pioneira no DF a vender produtos exclusivos para a galera do rock, depois veio o Irlandês que trazia encomendas e as exibia para vendas e babação em uma loja no Venancio 2000 (o nome tá longe na memória). Então surge a Devil Discos. Primeiro obstáculo: era terminantemente proibido executar música no interior da galeria, então ou a gente comprava urgentemente um par de fones de ouvido ou, como aconteçeu na maioria das vezes, o cliente comprava sem ouvir. Depois de 2 anos,sangrando para sobreviver aos pequenos furtos, emboscadas de gangues que no momento iniciavam os combates imbecís pelo poder, realmente até hoje, tento encontrar a razão e que poder era aquele que tanto se buscava, vei a inauguração da Berlin do amigo Reinaldo...2 anos depois a Devil fechou as portas e de desfêz de todo seu acervo em um grande queimão.. as dívidas eram muitos e os desvios aconteciam desde São Paulo o que tornou inviável sustentar todo o buraco deixado pela administração anterior, a burrada foi que, outra vez, em nome de uma suposta união de ideáis, resolvi assumir a continuidade da loja, mais como um sonho pessoal muito longo dos propósitos empresariais que todos buscam...
No mais, este foi um capítulo muito forte na cena underground do DF. Só para se ter uma idéia, a maioria das bandas que existem hoje e foram criadas naquela época, beberam na fonte da Devil Discos, alimentada mensalmente com novidades trazidas de Sampa por mim, à duras custas... Faria tudo de novo, sem constrangimento!!!!

3 comentários:

kighilander disse...

colocar essa radio aque na bahia, e de ++++++,

kighilander disse...

muito bom mesmo, se meu tio tivesse aque ,+ ele ta no "descanse em paz " fez a parte dele ja

Anônimo disse...

cara, do caralho mesmo!