domingo, abril 27, 2008

Entrevista ARD, "os primeiros dias -2ª PARTE"

Finalmente a segunda parte da entrevista do ARD. Nesta parte Gilmar fala sobre a mudança de nome e sobre o clássico lp "Causas para Alarme", disco que projetou a banda no cenário nacional.

Divirtam se

Não No fim dos anos 80 a banda muda o nome pra ARD, como foi o processo pra escolha do mesmo?

R- Consideramos que a mudança ia melhorar a vida dos produtores e simpatizantes, mais tarde saberíamos que não fomos muito felizes, atualmente acredito que o nome antigo deveria ter sido mantido. Cada um membro da banda ficou com a tarefa de propor um nome novo, mas a idéia final surgiu com Achiles que aliou nosso pensamento anti-bélico com o símbolo da radiação(ex-baixista), o significado da sigla tem inúmeras possibilidades, vou inclusive criar uma camiseta com pelo menos 10 significados diferentes e toscões.

Após o split e as mudanças de nome e formação o ARD entra em estúdio e grava o LP “Causas para Alarme” a sonoridade desde Lp é absolutamente diferente do Split. As letras mais agressivas o som mais rápido como foi a concepção dele?

R- Cara, falando sério, existem coisas que só o tempo para mostrar, coisas que não imaginamos nem programamos. Eu particularmente achei que a produção, leia-se sugestões, da Devil atrapalhou nossos planos, mas o mais incrível é que anos depois o disco viria a se tornar uma verdadeira pérola do hardcore nacional. Eu imaginava algo mais sujo, toscão, quase d-beat, mas com a insistência e marcação cerrada, exigindo melhoras na dicção, no timbre limpo e etc, saiu o que saiu. Mas teve música que tivemos que fazer na semana da gravação, como por exemplo, “Quem quer a guerra!”,que fizemos pensando na participação do Cólera,que infelizmente não aceitaram participar sem uma ajuda de custo.

É do “Causas para Alarme” que o ARD tem os clássicos musicais como “Maggie” e “Cão de Guerra” verdadeiros hinos da banda. É fácil ver a galera pedindo estas musicas nos shows qual é a historias delas? Deste disco qual musica você prefere?

Maggie é exemplo extremo da influência do The Exploited nas composições da banda. Basta lembrar Mr. Buchan berrando “- i´ve been made an orphan!!!! ...para nos remetermos a Maggie. Já Cão de Guerra foi criada na tentativa de colaborar com o Rattus quando lançaram a música Keppia Ronaldilee (acho que escrevem assim). Apesar de toda a festa da galera das antigas com estas duas, prefiro prejuízo final, pois acho que ela é dá nome ao disco Causas para Alarme.

Com a explosão do metal nacional no fim da década de 80 muitas bandas de Hardcore aderiram ao Crossover estilo da moda na época. Poucas bandas punks continuaram com a proposta inicial e o ARD foi uma delas. Eu vejo o “Causas para Alarme” como a resistência na época. Recentemente o ARD relançou o “Causas para Alarme” que até pouco tempo era artigo de colecionador, quando o selo local GBG Discos o tira da obscuridade e finalmente depois de 17 anos, o lp volta ás lojas agora em versão Cd. Isso dá oportunidade a muitas pessoas conhecerem este disco que pra mim é um clássico do punk Brasileiro.

Na contracapa deste LP tem um texto sobre o que seriam as “Causas para Alarme”. O texto se mantém bem atual, Quais são as causas para alarme pra você hoje?

Essa pergunta só pode ser respondida com uma pior que a mesma. Será que dentre todas as causas citadas no texto, alguma delas mudou? A resposta é sim. As portas já estão trancadas, a transgenia ta aí para garantir que não estávamos errados quanto aos novos produtos de consumo. A AIDS cada dia é mais contaminante, pois a juventude sexualmente ativa, não dá a mínima para a idéia de sexo seguro. Enfim, a causas foram amplificadas, infelizmente para pior.

O ARD é a única banda conhecida do cenário nacional que adota outros idiomas pra passar sua mensagem tendo musicas gravadas em Inglês, Alemão e Espanhol como isso começou e por quê?

Não acho que sejamos a única banda que começou a fazer isso naquela época, mas garanto que éramos os mais toscos do mundo. A gente começou isso meio satirizando o excesso de coisas estrangeiras dominando a nossa já tão misturada língua. Daí a sacanagem ou provocação era: somos tão toscos que fingimos cantar alemão, inglês e espanhol e conseguimos convencer com isso, enquanto quando cantamos em português parece soar estranho. Claro que de cara, para ficar mais interessante e praticarmos as pronúncias, a banda tocava todos os clássicos das gringas, do inglês escrachado dos DK, Adolescents, English Dogs, The Exploited e Discharge, até os desconhecidos Grauzone (der Weg) e Razzia (fuck the army) dentre tantos. Era muito legal soar diferente e estrangeiro quando sequer sabíamos usar bem nosso idioma nativo (tupi- guarani),na verdade ainda não sabemos nada, exceto as palavras de domínio comum de toda a população brasileira.

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