segunda-feira, maio 19, 2008

V.U.L.V.A Fanzine feminista pra download


O V.U.L.V.A. é um coletivo surgido aproximadamente em 2006/2007 através de um programa de rádio feminista chamado V.U.L.V.A., apresentado na Ralacoco - Rádio Laboratório de Comunicação Comunitária, no espaço físico da UnB. O primeiro número do fanzine impresso foi lançado no Headbanger´s Attack Festival 2008, realizado no dia 10 de maio, no Círculo Operário do Cruzeiro, localizado no Cruzeiro Velho, Distrito Federal. Alaíse, Kika, Karol e Jully assinam o expediente do zine V.U.L.V.A. ( coletivovulva@gmail.com ).

O fanzine V.U.L.V.A., impresso em preto e branco, todo em AP 75 gramas e com 16 páginas no total, foi lançado durante o Headbanger´s Attack Festival 2008, realizado em 10 de maio. A proposta editorial é reforçar o feminismo e incentivar o diálogo e informação sobre a opressão de gênero, ou seja, a opressão pela qual as mulheres ainda passam, considerando-se que vivemos em uma sociedade machista.

Parece piada, mas justamente no evento escolhido para lançamento da publicação, um fato lamentável reforçou o argumento das integrantes do coletivo V.U.L.V.A., segundo o qual é preciso estar vigilante para combater os “terríveis sintomas de um machão ridículo: homofobia, violência e sexismo”. Claro que tanto engajamento fomenta controvérsias em vários pontos, mas vou baixar as orelhas por causa do incidente a ser comentado agora.

No Headbanger´s Attack Festival 2008, durante a apresentação da banda Eryness, de Goiânia, um sujeito no meio do circle pit quase botou a perder todo o esforço que havia sido empreendido por muita gente, a fim de realizar um evento que congregasse metal, hardcore e muita paz.

Reportar o fato seguinte sem passionalidade é complicado, principalmente porque todos nós, homens e mulheres, temos um pensamento machista comum. A idéia de que a mulher é frágil e de que o homem precisa protegê-la dos “machos abusados” é quase uma unanimidade. Confesso que eu mesmo penso assim e estou aliviado de não ter presenciado quando uma das quatro garotas integrantes da banda Eryness foi assediada acintosamente durante sua apresentação, uma das mais aguardadas da noite. A expectativa era justamente pelo quinteto ser composto em 80% por belas mulheres, com excessão do guitarrista, único integrante masculino na formação.

Amigos, ligados à produção do Headbanger´s Attack, e alguns e-mails de leitores, relatam que um elemento embriagado aproximou-se duas vezes do palco para passar a mão em uma das garotas da banda. Segundo as mesmas testemunhas, ele só não foi linchado pelos camaradas mais próximos por causa de uma intervenção piedosa da segurança do evento, que o conduziu para fora do show no Círculo Operário, sem, contudo, conseguir impedir que o abusado escapasse de alguns safanões e pontapés.

Muitas vezes falamos aqui sobre paz, igualdade e desejo de transformar a sociedade em que vivemos. Volta e meia nos surpreendemos com atitudes de gente que está ao nosso lado e que, inclusive, já deu uma parcela de contribuição para a cena. Não me refiro a um caso específico ou isolado no underground. A reflexão tem que ser ampla e constante. Botar a cabeça no travesseiro toda noite, reconhecer os erros e tentar aprender com eles não vai tornar nenhum cara menos viril, da mesma forma que lutar por sua emancipação plena vai fazer uma garota ser menos feminina. "Ser ou não ser", na conotação sexual, acredito que passe por um outro processo que não exatamente o exercício do raciocínio. Já ouvi, inclusive, debates em que especialistas garantem não haver a tal "opção sexual". Quem é, é e pronto. Mas isso é um assunto ainda mais polêmico, que não quero aprofundar agora para não perder a linha que conduz essa análise do Headbanger´s Attack 2008 (diga-se de passagem, com produção bastante elogiada pelos músicos e pelo público), em paralelo com o lançamento do fanzine feminista V.U.L.V.A..

Com relação ao episódio de assédio durante a apresentação da banda Eryness, sei que é chato, mas comentar o fato ajuda a amadurecer a idéia de que o respeito é fundamental em quaisquer relações humanas.

Resta agora acalmar um pouco os ânimos e esperar que a lição tenha sido assimilada. É preciso respeitar as mulheres que freqüentam e fazem a cena e todos que estão, com muita luta, conseguindo espaços para as bandas mostrarem seu trabalho. Fato agravante é que o envolvido no condenável acontecimento de desrespeito à figura feminina, foi identificado como vocalista de uma banda local do DF, a qual não terá seu nome citado por acreditar que os demais componentes não comungam com a atitude do colega, inclusive já tendo manifestado a intenção de expulsá-lo da formação.

O Eixo Brasília-Goiânia sempre foi marcado por um intercâmbio intenso, de muita camaradagem. Como parceiros há três anos do Headbanger´s Attack, em nome da equipe do Zine Oficial, nossas sinceras desculpas às quatro integrantes da Eryness e também ao guitarrista pelo incidente que, de fato, foi uma lamentável manifestação do tema abordado pelas editorialistas do fanzine V.U.L.V.A., como já disse antes, lançado durante o Headbanger´s Attack 2008: “Entristece ver a proliferação de um discurso libertário hipócrita que se resume a uma pancada de frases feitas, quando na prática o sexismo continua enraizado em cada um(a) de nós.”

por: Tomaz André, Editor do Zine Oficial

Pra baixar esse zine é clicar e boa leitura
http://rapidshare.com/files/116175253/vulva1.pdf.html

Um comentário:

xsuxsuzetex disse...

Poxa, que fato chato pra caralho, que infelizmente, é comum...
Adoro esse zine, mas esse link tá quebrado...
Muito bom o blog!